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Mãos que fazem história

Mãos pequeninas, brancas, morenas, trigueiras, sujinhas de terra, embalando a boneca nos dias de infância. Mãos de unhas crescidas, do primeiro anel, que se estendem tímidas para a vida, na adolescência. Mãos tremulas de emoção unindo-se a outras mãos num aro de ouro: mãos da moça que se faz esposa. Mãos trabalhando devagarinho, para não acordarem o bebê que toma forma abaixo do coração. Mãos que oferecem o seio, embalam o berço, que trocam fraldas, que empurram carrinho, que preparam mamadeiras, tricotam, colocam termômetro, amassam frutas, se estendem felizes para o "dadá, neném". Mãos tristes segurando o chinelo para o guri teimoso ou se unindo em prece pelo futuro do mesmo guri. Mãos ligeiras que lavam, cozinham, carregam peso, seguram mãozinhas pequenas na aprendizagem difícil do a e i o u. Mãos que fazem o primeiro uniforme do jardim de infância, que se erguem com orgulho para o laço da gravata ou o cinto do vestido no dia da colação de grau. Mãos cansadas, envelhecidas, às vezes doentes, abençoando os filhos que partem, em busca da vida, da ordem de Deus. Mãos tantas vezes beijadas, que se cruzarão silenciosas para o grande e glorioso descanso, deixando no coração da gente o vazio que nada preenche. Mãos abençoadas, sofridas, cansadas, símbolos de trabalho, bênção, amor: Mãos de minha mãe, Mãos de todas as mães do mundo...

Myrtes Mathias

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